São rosas, senhor...



Mil vezes o choro à apatia.
Mil vezes o sofrimento ao entorpecimento.
Milhentas vezes a saudade à ausência de memórias. Saudades são amores vividos!
Desilusão, dor, desencanto, são frutos de entregas infelizes. Mas entregas! Riscos abraçados. Apostas consumadas. Emoções. Afectos. Amores.  
Não troco a desilusão pelo vazio. A dor é intrínseca aos seres viventes. Recusá-la é depauperar a própria Vida! Temê-la é mutilar esperanças, abortar trilhos por desbravar. 
"Não!" ao medo que agrilhoa. Renuncio à fastidiosa segurança imbuída de marasmo. Repudio a passagem do tempo vivido sem pulso. Tentativas goradas não deixam de ser tentativas, perseguição de sonhos sonhados.
Não ambiciono passar incólume nesta vida, tinta sem cor. Quero inspirar profundamente e integrar em mim tudo o que me é concedido pela bênção de estar viva! Quero protagonizar aventuras, intrépida. Marcar, tocar e ser tocada além do tangível.
Venham pois as lágrimas! Por alguém que partiu, mas caminhou comigo. Por alguém que me desiludiu e me feriu, por alguém que me cativou, por alguém que me amou, por alguém que me permiti amar.
Mil vezes chorar sobre o granizo e replantar a ser solo estéril! 
Não há rosas sem espinhos, e ainda que ciente da possibilidade de me pungir, não abdico de me render à sua beleza, contemplar a sua fragilidade, sentir o veludo na minha pele, perder-me na sua cor e inebriar-me com o seu perfume.




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