Sinto? Que seja!



É comum encontrar este tipo de discurso motivacional pelas redes sociais. Eu própria partilho alguns. E este é maravilhoso! Se o conseguires sentir, não hesites em viver dia a dia, do lado da felicidade!
Com o que tenho aprendido, faço o possível por me focar no Agora e adoptar a filosofia "Só por hoje". E é realmente fantástico quando o conseguimos integrar na nossa vida.
Mas presta atenção: SE e QUANDO o conseguires SENTIR - verdadeiramente.

Acredito que cá andamos para experienciar emoções. E o bouquet de emoções é vastíssimo. Não serão todas "boas", ou melhor, nem todas serão agradáveis de sentir. Mas todas são legítimas, todas trazem experiência, crescimento e aprendizagem.
Se hoje te sentes triste, pois que seja! Se sentes raiva, que seja raiva! Amor, paixão, solidão, entusiasmo, angústia, esperança, desilusão, alegria, ciúme - permite-te sentir! Tudo na vida serve um propósito, e tudo acontece quando e como deve acontecer. Não há por isso emoções "erradas". Estás a sentir o que tens de sentir no momento. E está tudo certo. Observa a emoção que estás a sentir, e aceita-a. Todas elas fazem parte da vida e do teu processo; por muito feias que sejam (ódio, inveja, rancor, desdém): observa e aceita. E deixa partir. O reconhecimento da emoção é o que te permitirá resolver e transformar. Fingires, tentares soterrar os teus sentimentos, isso sim, irá bloquear-te e envenenar-te.

Lembra-te: A vida é um jogo em que cada um terá de encontrar as suas regras; perceber o que funciona para si. O que partilho contigo é, sempre, o que me serve a mim. Aproveitarás o que ressoar contigo. Ou não.
Actualmente, a minha postura em relação a emoções - positivas ou negativas - é esta: permitir-me sentir, não camuflar. Se estou feliz, estou feliz; se estou triste, estou triste. Se hoje me apetece pular e cantar, pulo e canto; se me apetece chorar e gritar, choro e grito. As emoções devem ser vividas e libertadas; não reprimidas. Todas elas.
A minha escolha não incide nas emoções que sinto, mas nas que quero alimentar ou não. E eu opto por não alimentar as que me colocam num estado de dor. Não me permito entrar num processo de vitimização, entregando-me a emoções que me causam mal-estar. Tento perceber a origem da emoção: de onde vem? O que a provocou? Porque estou a sentir isto? É justificado? Houve algum acontecimento, de que eu tenha consciência, que a tenha despoletado? - Se sim: Não posso mudar o que aconteceu, mas então o que posso eu fazer para mudar o que sinto em relação ao que aconteceu? Se não (e podes estar triste ou irritado sem perceberes porquê), das duas uma: ou simplesmente aceito que é o que estou a sentir e que há-de passar, ou, se me interessa perceber a origem, tento chegar até ela (pela meditação, por exemplo).

A experiência pessoal diz-me que sufocar as emoções não me trará nada de bom.
Somos formatados numa série de crenças: os outros não têm nada a ver com a minha vida; os meus sentimentos só a mim dizem respeito; não vou estragar o ambiente porque estou chateada,... Resumindo: devemos estar sempre bem.
Por isso respondemos sempre afirmativamente à pergunta da ordem "Tudo bem?", que é feita já com o pressuposto da resposta: "Tudo, e contigo?" - Nem paramos para ouvir a resposta. É mais uma saudação do que propriamente uma pergunta. Mas não tem de estar sempre "tudo bem". Não há mal nenhum em estares mal! Não tens de conter a tristeza, tal como não tens de conter a alegria! Tens direito a estar triste, aborrecido, magoado, frustrado, o que for. E se é certo que não tens de contagiar os outros com o teu mal-estar, também não tens de fingir para o mundo um bem-estar que não sentes! Os outros que sejam inteligentes e não se deixem contagiar pela tua tristeza ou mau humor!
Não me lixem, não há ninguém que esteja sempre alegre e bem disposto! Ser feliz não implica ser imune a momentos de tristeza.
Mas é esperado que estejamos sempre bem... E então forçamo-nos a isso. Esforçamo-nos por manter a aparência, e pior que isso, muitas vezes enganamo-nos a nós mesmos, fabricando um falso bem-estar. Queremos tanto estar bem, que acreditamos que se nos convencermos de que estamos, ficaremos. Optamos por silenciar a voz que nos diz "estou mal". E, mais uma vez: se isso funcionar para ti; fantástico! É perfeitamente possível mudar o sentimento mudando o pensamento! Afinal, o pensamento tudo cria. E digo-te que por vezes eu consigo fazê-lo. Mas nem sempre... Se o sentimento continua lá, e só estás a fingir que o mudaste... atenção a isso.

Quanto mais depressa te libertares de um emoção desagradável, melhor para ti. Investe nisso. Aceita, sente, resolve dentro de ti e segue em frente. Acredita: de nada te servirá uma ilusão de bem estar.
Voltamos sempre ao mesmo: vive a tua verdade! Ri, chora, abraça, dança, descabela-te! Sente!! Sente tudo o que sentires!








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