Today, by MY book.



365 dias. Mais 365 dias.
Nesta altura, pelo menos estes 365 tomamos como garantidos. E não nos poupamos a clichés e metáforas:
Ano novo, vida nova! Novo capítulo. Um livro em branco, com 365 páginas por escrever.
E todos vamos mudar de vida! De esperanças renovadas e peito inflado de convicções e compromissos, todos vamos ser mais saudáveis, mais elegantes, mais amorosos, mais compreensivos, mais empenhados, mais audazes, mais felizes! Todos fazemos as nossas listas de resoluções que raramente chegam a soluções, ou como diz alguém que admiro, todos criamos listas de novos conflitos internos.
Um novo ano é sempre um novo início. A fresh start.

Esta passagem de ano perdi uma amiga.
Dos 365 dias que todos assumimos que teremos para criar uma vida nova, ela teve 2 horas.
Como acontece sempre que alguém que nos é querido vê a sua viagem interrompida demasiado cedo, a sua partida veio relembrar-me da importância de viver o Agora.
Que se forniquem as 365 páginas em branco, eu vou página a página! O Amanhã que espere por mim, porque eu vou viver o Hoje. E que se lixe o by the book, eu quero viver by my book.

Aqui me comprometo a viver, de ora em diante, e dia a dia, com esta consciência da arrogância que é tomarmos a vida como um direito adquirido.
Aqui me comprometo a agradecer todas as manhãs, ao abrir os olhos, o simples facto de os ter aberto, de estar cá, de me ser permitido continuar cá, e me ser dada a oportunidade de escrever mais uma página.
Farei por ser merecedora dessa benesse. Darei o meu melhor para que o meu livro seja uma fiel representação de quem sou. Quero orgulhar-me do livro que um dia vou deixar por cá. Quero que as pessoas que me são preciosas, ao folheá-lo depois da minha partida, encontrem as suas personagens em várias páginas, e sorriam com as nossas histórias.
Nem todos os capítulos serão inspiradores, poéticos, imaculados ou desenhados pela mais bela caligrafia. Haverá seguramente páginas rasuradas, mal escritas, com erros, amarrotadas, com a tinta borrada por água salgada. Haverá páginas mais preenchidas e outras mais vazias. Alguns parágrafos mais coloridos que outros. Umas quantas linhas menos felizes. Palavras feias aqui e ali. Que assim seja. Que no seu todo, eu esteja de facto impressa de forma incontornável, e que transpareça o que de melhor eu conseguir deixar e levar desta passagem, página a página.

***

Obrigada, querida Susana, minha "filhadinha". Foi uma honra ser a tua "madinha".
De ti guardarei o riso rasgado. Os doces deliciosos. O ar de miúda traquina. As diabruras. A candura. Os beijos na boca às amigas. O pino e os saltos para as cavalitas dos amigos. Os miminhos que fazias e levavas para cada um, em cada encontro. Sempre. O dedo espetado nos bolos e nos pratos de comida de todos os que tiveram o privilégio de partilhar contigo aqueles jantares que tanto amavas. Se para muitos de nós eles eram apenas mais uns momentos animados, sei que para ti eles eram uma verdadeira bênção, uma fuga da dureza da vida, que bem te soube fustigar. E naquelas horas, que diabos, tu divertias-te à grande e armazenavas a risota que te dava forças para os próximos tempos!
O dedo espetado nos bolos. É assim que me vou lembrar de ti.







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