Feliz a felicidade inconsciente!





"São poucos os anos da infância e, como tudo o que é único e especial, fogem-nos das mãos e da vida com demasiada rapidez. Pecam apenas esses anos pela inconsciência da sua riqueza por quem os vive porque, também como tudo na vida, a felicidade tarda em ser reconhecida e apreciada. Se nem as crianças devoram cegamente a bênção da vida dificilmente a felicidade será plena e incondicional. É também esse o destino que a vida nos legou."



O pecado referido é justamente o que permite a esses primeiros anos de vida que sejam de plena felicidade. Tivessem eles a (nossa) consciência de felicidade enquanto a vivem... e não a viveriam!
A consciência (mal construída) é que vem estragar tudo! Seríamos todos felizes se não houvesse a consciência (errada) do que é a felicidade. As crianças, quando ainda não foram carimbadas com os nossos estereótipos, inocentemente celebram as coisas mais simples da vida. E por isso são felizes!

Esses abençoados anos de "inconsciência" são muito poucos, sim. Culpa nossa, dos pseudo-conscientes, que não descansamos enquanto não lhes arruinamos o delicioso estado com as malfadadas crenças. Sim, caríssimos, aquilo a que nós levianamente chamamos de consciência, não é mais que uma amálgama de medos, crenças e ilusões. E ironicamente chamamos-lhes a eles, aos recém-chegados, de inconscientes, porque ainda não foram viciados. Porque ainda têm imaculada a consciência (com que nasceram) de quem são e do que é na verdade a vida... E essa nós já a perdemos em tempos de que nem guardamos memória, às mãos dos conscientes adultos que nos moldaram a infância, tal como nós repetimos agora, por força das convenções e à falta de saber fazer diferente.
E a partir do momento em que começamos a educar os nossos filhos, com todo o amor e as melhores intenções possíveis, a partir do momento em que eles são tocados pelas nossas mentes ávidas de rótulos, entram na vida "real" onde lhes asseguramos constante insatisfação.

Queres ser da idade do irmão mais velho, para poderes andar com os crescidos. Quando lá chegas, já os crescidos são adolescentes, e não percebes pra que querias ser crescido - afinal isto não tem encantamento nenhum. Afinal queres é ser adolescente o quanto antes, mudar de escola e poder namorar! Depois queres crescer mais ainda, e rápido!, para poderes sair à noite, tirar a carta de condução... O carro é que vai ser! O carro é que te vai dar liberdade! Canudo na mão (porque lá te impuseram a treta que tens de ser Dr. pra seres alguém). Agora só falta o emprego, pra poderes começar a ganhar o teu. Pela ordem natural das coisas, segue-se a casa. A independência, finalmente!! E quando és finalmente adulto, davas tudo pela ligeireza dos problemas da infância e os dramas da adolescência.
Se és solteiro queres casar e constituir família; quando és pai de filhos suspiras por uns dias da saudosa liberdade de solteiro.

Somos eternamente descontentes.
O futuro nunca mais chega, e o futuro é que há-de ser bom. O passado já se foi, e lá é que eu fui feliz. Vivemos em perseguição do futuro e a lamentar nostalgicamente o passado.
Só gostava de saber: QUANDO IREMOS NÓS PERCEBER QUE O PASSADO DO FUTURO É O PRESENTE??? É do hoje que vais ter saudades amanhã! Então e que tal não desperdiçar o hoje preso no ano passado nem suspenso no mês que vem?
Passado é angústia, futuro é ansiedade. Só o presente é real. Pára de chorar o ontem e suspirar pelo amanhã! Respira apenas! Pára de procurar a felicidade em todo o lado, e percebe que estás no meio dela! Que ela está dentro de ti! Permite-te vivê-la e ela viverá em ti! 
Apaga aquilo que achas que é consciência, e consciencializa-te de tudo o que és!
No dia em que conseguires apenas viver exactamente aquilo que tens hoje, sem te prenderes a fantasmas nem ansiares o que está por vir, nesse dia serás plenamente feliz.


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