Amanhã volto.



Domingo nublado. O ócio aninha-se sem cerimónia, e eu anicho-me na imagem desfocada que me entra pela janela. Sonho com o sol que não chegou a nascer. Levito na neblina cor-de-rosa que adoça e suaviza tudo o que seria. Sinto saudades do que poderia ser. Morro de saudades do que teria sido - se.
Sinto falta do amanhã. Arrepiam-me os lábios que não beijei. Pesa-me o ventre nunca habitado. Dói-me o sorriso que não rasguei. Atormenta-me a perfeição quimérica latente no teu se.
Refém voluntária das promessas que todos os ses encerram, dou a última passa no cigarro, e deixo-me ir junto com a fumaça, que sai do meu corpo e se afasta de mim num sopro, indefinida, sem rumo nem rédeas. Deixo-me ir com ela, suspensa no tempo onde sobra tempo... Afinal, hoje é domingo. Amanhã por esta hora já a modorra terá feito check out, levando consigo todos os peçonhentos ses.






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